sexta-feira, 29 de maio de 2009

Credibilidade e Sensacionalismo na Imprensa - Em foco Jornal Daqui

O processo de credibilidade no jornalismo impresso, construído a partir do texto jornalístico


Igor Costa
Nelson Felix

Credibilidade: de acordo com os dicionários é “a característica de quem ou do que é crível; confiabilidade”. Ao analisar um meio de comunicação (jornal, revista, televisão, Internet, etc.) pode ser definida a partir da aceitação deste por um grupo de pessoas que dão crédito a ele para sua circulação e/ou transmissão.


Para o jornalista Vinicius Jorge Sassine, existe uma discussão sobre a credibilidade de um meio que gira em torno de jornais com textos curtos, com foco em leitores que não tem tempo para ler o veículo, e de outro lado um texto mais aprofundado, analítico e interpretativo.
Sassine aposta no aprofundamento e na especialização das “grandes reportagens” no jornal. Ele destaca que no impresso é feito o aproveitamento e o aprofundamento do conteúdo de outras mídias a fim de que o leitor possa ler e interpretar de acordo com sua realidade, construindo e mantendo por muito tempo uma credibilidade entre empresa, fonte, jornalista e leitor.


As discussões sobre credibilidade dos meios de comunicação no Brasil, de acordo com Venício A. de Lima, - pesquisador do Núcleo de Estudos sobre mídia e política - estão emergindo ao se analisar a crise política de 2005 e foram intensificadas durante as eleições de 2006, além de outros acontecimentos que causam a polêmica.


Citando como exemplo o jornal Daqui, veículo de grande vendagem no estado de Goiás, - de distribuição regional - que surge a partir de uma pesquisa qualitativa realizada pela Organização Jaime Câmara (OJC) sobre o tipo de jornal desejado pelo público das classes C e D.


De acordo com Luciano Martins, editor-chefe do Daqui, a pesquisa revelou que os leitores queriam um jornal em formato tablóide, com letras maiores e textos menores.
Além disso, Luciano afirma ainda que a pesquisa mostrava que o público esperava um jornal voltado para o entretenimento, com notícias esportivas, e sem esquecer das matérias policiais. Tudo isso aliado ao preço mais acessível. “Dessa maneira criamos o Jornal Daqui, visando atender às ‘necessidades’ desse público percebidas na pesquisa”, acrescenta.


Mas esse tipo de veículo, que mostra especificamente “o que o público quer” transmite confiabilidade aos seus leitores? E como é construída essa relação de confiança entre o leitor e o meio de comunicação?


Rôse Andréia dos Santos Nogueira, em seu trabalho de conclusão de curso apresentado na Faculdade Sul-Americana (Fasam) com o título “O Retrato da cidade de Goiânia pelas páginas do Jornal Daqui”, explica que o leitor, em busca do entretenimento e algo que o faça esquecer de sua realidade participa do processo de construção do sensacionalismo. Ainda segundo ela, os meios de comunicação, conhecedores desse comportamento do público, utilizam-se de matérias apelativas que provocam emoções, sejam de alegrias ou de raiva. O jornal sensacionalista apela para o grotesco e o exagero.


Antônio Sebastião Silva, formado em jornalismo e professor da Fasam considera que a credibilidade de um veículo de comunicação é construída a partir do próprio público. De acordo com ele, não há uma medida que aponte um jornal mais confiável do que outro a não ser o próprio leitor. “É o leitor que dá créditos (audiência) ao veículo de comunicação, pois a imprensa depende do público”, destaca.


Polêmica


Para os leitores do Daqui o assunto gera polêmica. Luciene Rodrigues Marinho, analista de crédito e leitora assídua do jornal, considera que este tem credibilidade devido ao fato de que os fatos noticiados no jornal são também abordados em outros meios. “Isso fez com que o Daqui conquistasse a confiança do leitor”, afirma.


No entanto, há quem discorde dessa teoria. Danyelle Montenegro de Oliveira, estudante, considera que o Daqui não demonstra credibilidade ao leitor. “O jornal trabalha com muitas notícias sem apuração e com temas muito violentos de forma sensacionalista. Isso não gera conhecimento”, critica.


Outro aspecto relevante abordado foi a questão das premiações que o jornal oferece aos compradores do jornal. De um ponto de vista crítico, a premiação estabelece uma fórmula condicional, ou seja, se o leitor comprar o jornal ele será premiado. Esta seria uma alternativa criada pela empresa para estimular a leitura de jornal. Entretanto, “as premiações são o destaque do jornal e é o que mais atrai as pessoas a comprarem-no”, censura Jaquelinne dos Santos Mariano, estudante.


Não se pode questionar, porém, que este veículo de comunicação fundamenta-se por meio da sua própria trajetória, conseqüentemente estabelece credibilidade, mas essa confiança não é inalterável. É dever do leitor impor limites ao tipo de conteúdo abordado, afinal de contas, o jornal é uma “empresa” e a informação é o seu produto, é portanto, responsabilidade do leitor exigir melhor qualidade neste produto.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Agora começa o ano





Muito bem, passada a ressaca das festas de início de ano, passadas as comemorações do carnaval, páscoa, dia das mães, finalmente o ano vai começar para o brasileiro.





No dia 25 de maio (há controvérsias se 25 ou 27/05) temos mais uma data comemorativa: o dia da liberdade de impostos. Sim, vamos começar o ano financeiramente falando. Isso porque o brasileiro trabalha 145 dias do ano apenas para pagar os impostos da nossa carga tributária.





Em algumas capitais do país, para lembrar a data (erroneamente muito pouco comemorada), postos de combustíveis realizaram “promoções” vendendo a gasolina sem imposto. O produto foi vendido por até R$ 1,25 o litro, significa que o imposto aumenta até 55% o valor do combustível (que atualmente é vendido a R$ 2,57 nos postos de Goiânia). Este que é um dos mais tributados do Brasil, o país do pré-sal.





Agora vamos correr, pois temos apenas 220 dias para “trabalhar por conta própria” antes de começar a labuta de “trabalhar para o governo” novamente.






Imagem retirada do site do g1

terça-feira, 26 de maio de 2009

“Profissão flanelinha”

Na matéria que foi ao ar terça, 26, o Jornal Anhanguera 1ª edição, expôs novamente a questão dos “vigiadores” de veículos em locais públicos, os famosos flanelinhas.


A cidade está dividida e controlada seguindo o exemplo das “Capitanias Hereditárias”, em que uma pessoa é responsável por aquele território e faz dele o que bem entender.


O motorista, que chega para estacionar em um local público, se vê obrigado (ou intimidado como preferem) a pagar pelo preço que os vigias decidem cobrar por seu árduo trabalho, ao ser perguntado – e aí tio, quer que vigia? Significando “vai pagar ou vou ter que apelar?”.

Pensando nisso algumas “altoridades” tiveram uma brilhante idéia: vamos fundamentar a nova prática, pois, já que não conseguimos vencê-los, jogamos a responsabilidade para a sociedade, ou seja, o cidadão. Logo, criaram um curso de formação de vigiadores de locais públicos.


Funciona mais ou menos assim: o camarada (que não está roubando e nem matando – como foi brilhantemente lembrado na matéria) faz um curso de vigia de carros, pega um coletezinho coloridinho da polícia militar que o treinou, escolhe um trecho de uma avenida movimentada, praça ou coisa parecida, e começa a cobrar para vigiar o veículo que VOCÊ deixa todos os dias no mesmo lugar. E adivinha: você tem que pagar pelo serviço de “segurança em local público”. O que é o mesmo que dizer que vai ter que pagar pela segurança pública. Aquela mesma que está incluída nos nem poucos nem moderados impostos que pagamos.


Pensando no papel que deveria ser desempenhado pelo Estado. Que educação, assistência a saúde, lazer e demais serviços sejam obrigação do individuo tudo bem, (já nos acostumamos), mas a segurança e o direito de ir e vir, quem vai assegurar?

sábado, 2 de maio de 2009

Domingo na terça



Era apenas um dia como outro qualquer, ou pelo menos parecia ser. Às sete, já estava de pé, com café na mesa, por ele mesmo preparado, forte e amargo.



De segunda a sábado, a história se repetia. Trabalhava em um escritório, atrás de uma mesa, com telefone, fax, celular, e dezenas de e-mails a responder. Diversão era raro. Família, nem se fala. Há tempos não os encontrava. Mas naquela manhã, aquela em especial, acordou com uma vontade imensa de ver os entes queridos.


Tratou logo de ligar para o chefe, com voz rouca e abafada, fingindo mal-estar. Tomou um banho frio e vestiu a roupa de domingo em plena terça-feira. Bermuda, tênis e camiseta significava a sua liberdade.


Entrou no carro, preparou o pop rock anos noventa que sempre o alegrava e seguiu para a casa dos pais.


Sempre teve muito contato com a mãe, que ligava só para ouvir sua voz. Mas naquele dia, naquele em especial, queria abraçar e ouvir as histórias do velho pai.



Chegou na casa muito animado, a mãe ficou surpresa e o pai nem se fala. Sem perder tempo foi logo convidando-o para passear e almoçar fora. O pai, de olhar espantado todo desconfiado perguntou se estava bêbado. Sem se conter de emoção, a mãe empurra o pai para o quarto, insistindo para não perder tempo, que aquele era o seu filho com saudades do lar.


Saíram, se divertiram, conversaram por horas sentados ao banco de uma praça sem ver o tempo passar. Comeram em restaurante simples a comida preferida do pai: arroz, feijão, bife e batata frita.


Caminharam à beira da praia, lembrando-se dos bons tempos, quando um, ainda muito jovem, dependia do pai para o sustentar.


Com o sol já encostando no mar, os dois têm que voltar. Com um cansaço daqueles bons de sentir, por um dia diferente, de muita alegria.


Um dia inesquecível na vida dos dois que mal tinham tempo de se falar. O filho deixa o pai em casa, que satisfeito, lhe dá um abraço apertado e emocionado e um beijo no rosto como a muito não fazia.


"Pois é, e então tá..." despediram-se... com aperto no coração, tentado esticar um pouco mais o bom dia, mas com a certeza de que o amor entre pai e filho ainda exitia, só estava um pouco enferrujado.


Autor: Nelson Felix